O vinho é uma bebida milenar que não tem um registro oficial de sua criação. A teoria mais aceita é que o vinho foi criado por acaso, quando alguém esqueceu um punhado de uvas e elas fermentam espontaneamente. Mas algumas culturas e povos atribuem a invenção do vinho a divindades religiosas e, no caso do gregos e romanos, aos deuses do vinho.
Os cristãos acreditam que Noé criou o vinho. Em Gênesis 9:20-25, há uma passagem que relata que Noé, assim que chegou ao Monte Ararat (atual Turquia), plantou uma videira e com as frutas fez a bebida. Ele gostou tanto do resultado de sua criação que bebeu grandes quantidades até embriagar-se. Noé é encontrado caído desnudo no chão e teve que ser amparado por seus filhos.
Deuses do vinho: Dionísio e Baco
Para os gregos, o vinho foi criado pelo deus Dionísio. Além de ser responsável pelo cultivo da uva, dominava a técnica de produção da bebida. Os gregos acreditavam que a vida era regida por deuses, seres imortais que representavam forças da natureza e habilidades. O mito grego foi adaptado pelos romanos, que atribuíram a invenção do vinho ao deus Baco. Para os romanos, os deuses eram espíritos invisíveis da natureza.
A presença dos deuses do vinho Dionísio, da mitologia grega, ou Baco, como é conhecido na mitologia romana, está associada ao vinho, à festividade e ao prazer. Também representa a fertilidade das vinhas e a liberdade que o vinho traz para a mente.
Conta a lenda que Zeus, o deus supremo do Universo, encanta-se por Sêmele, uma princesa mortal, e com ela tem um filho, Dionísio. Hera, a esposa de Zeus, enciumada, pede para que o deus se mostrasse em todo seu esplendor de divindade. Como um mortal não suporta a luz de um ser divino, Sêmele teve seu corpo desintegrado pela luminosidade do deus.
Para salvar a vida do bebe que ainda estava sendo gestado, Zeus retira-o da barriga de Sêmele e costura-o em sua coxa para que permaneça ali até estar pronto para nascer. Após o seu nascimento, para protegê-lo do ciúme de Hera, Zeus entrega a criança aos cuidados de Hermes, para que seja criado por ninfas em uma caverna coberta por videira.
Dionísio notou que os frutos oriundos das videiras eram muito saborosos. Então passou a colher e guardar para poder saborear quando tivesse vontade. Em um desses momentos em que as uvas estavam armazenadas, elas fermentaram espontaneamente dando origem a uma bebida saborosa e que dava alegria para quem consumia.
Essa história explica o surgimento do vinho e a conexão do deu com o cultivo da uva e a produção do vinho. O mito também se repete na mitologia romana, apenas com mudança nos nomes, sendo Zeus chamado de Júpiter, Dionísio de Baco e Hera de Juno.
Os deuses do vinho Dionísio/Baco ensinaram aos mortais as técnicas de produção e os cuidados com as plantações. Sua influência estendia-se à bebida, ao cultivo das videiras e à produção de vinho. O deus peregrinou por vários países com uma procissão de sátiros e mênades ensinando a arte da vinicultura aos mortais e espalhando o conhecimento sobre o vinho e apresentando a bebida para quem não conhecia.
Os povos promoviam festas em sua homenagem, chamadas de dionísias. Essas celebrações eram regadas a bebida fermentada de uva (o vinho), que era vista como uma dádiva divina capaz de trazer alegria e libertação da mente das preocupações cotidianas para aqueles que a consumiam. O vinho também servia como instrumento de comunicação com os deuses e com os antepassados.
Acreditando ou não nos mitos gregos e nos deuses do vinho , a importância da Grécia para a enologia é indiscutível. Foi na Grécia Antiga que a viticultura começou a ser profissionalizada, com a criação de legislações e do regime de denominação de origem, o desenvolvido o comércio ao redor da vinha e do vinho, além do aprimoramento de técnicas para cultivo da vinha e produção de vinho.
Quando se trata de cultivo da vinha e produção de vinho de forma ininterrupta, a Grécia também detém o título. Há diversas vinhas milenares no país, como em Santorini, que guarda um vinhedo de raízes próprias e livre de filoxera com 3.500 anos e que até hoje está em produção.
As vinhas velhas são consideradas joias da vitivinicultura, por darem origem a vinhos únicos.
Conheça mais sobre as vinhas velhas e como elas interferem na produção do vinho.