Diferença entre Vinho Suave e Vinho Seco confusão entre técnicos e consumidores
Os termos Vinho Suave e Seco, usados na rotulagem brasileira de vinhos, causam muita confusão entre profissionais do setor e consumidores. Há o conceito técnico, ligado à composição do vinho e à legislação de rotulagem. Paralelamente, existe o conceito popular relacionado apenas ao gosto do vinho no paladar. Aqui vale aquela máxima: “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”.
Sabendo disso, o profissional tem que atuar de maneira perspicaz para que não haja ruído na comunicação com o cliente. Vamos entender qual é a confusão.
Assista esse vídeo e descubra tudo sobre o vinho seco e vinho suave de mesa e fino.
Leia também o artigo: Características dos Vinhos suaves.
Diferença técnica entre vinho Suave e vinho Seco
Tecnicamente, no Brasil, os termos Suave e Seco estão relacionados a quantidade de açúcar que o vinho possui. De acordo com a legislação, os vinhos secos têm até quatro gramas de glicose por litro e os suaves a partir de 25 gramas de glicose por litro na composição. Essa informação deve ser expressa nos rótulos tanto dos vinhos nacionais como importados. Veja detalhes no infográfico a seguir.
Associada a essa questão da diferença técnica, muitas pessoas procuram uma resposta científica sobre a transição do vinho suave para o seco. No artigo Vinhos para iniciantes, conversamos mais sobre esse tema, inclusive elaborei uma lista de vinhos recomendados para iniciantes.
No entanto, essa transição parece mais ligada à percepção de tanino do que de fato ao nível de açúcar. Por isso, considero que dominar claramente a questão entre vinho seco e suave é um passo extremamente importante para realizar a migração do suave para o seco de forma consciente e acima de tudo, prazerosa.
Sempre lembrando, que se você gosta e quer permanecer bebendo vinho suave, não há problemas algum. Existem muitas opções de vinhos suaves de alta qualidade. Nada de preconceito.
Leia também: Vinhos recomentados para iniciantes.
Classificação dos tipos de vinho seco e suave
Os vinhos de mesa podem levar adição de açúcar após sua vinificação. Muito produtores recorrem ao ingrediente para corrigir ou então suavizar o sabor da bebida. Dessa forma, vinho de mesa suave é geralmente o vinho adoçado. Entenda a diferença entre vinhos finos e vinhos de mesa aqui.
Nos vinhos finos, não é permitido o adoçamento posterior à vinificação. Dessa forma, todo vinho fino tranquilo é seco. Pois o processo de fermentação consome todo açúcar, convertendo-o em álcool. Leia mais sobre o processo de elaboração do vinho aqui.
Os vinhos finos de sobremesa também se encaixam na classificação Suave. A diferença é que esse tipo de vinho não recebe adição de açúcar ao final, mas utiliza uvas naturalmente doces ou são fortificados durante a vinificação. Leia aqui como o vinho doce e feito.
Vinhos espumantes possuem regulamentação e classificação de doçura diferentes. Abordamos esse tema no artigo: vinhos espumantes.
Uso comum dos termos vinho seco e vinho suave
É comum os consumidores de vinho utilizarem os termos Suave e Seco para indicar, na realidade, o gosto do vinho. A formação desse conceito está muito ligada ao passado do vinho no Brasil, onde o mercado era dominado pelos vinhos coloniais e o paladar foi adaptado à quantidade de açúcar adicionada à bebida. Tratando-se de vinho fino, em que essa prática não é autorizada, os termos Suave e Seco podem ser associados à sensação dele na boca. Veja aqui como degustar e analisar um vinho.
O que é vinho Suave e vinho Seco popularmente falando
Popularmente, o termo “Suave” é usado para àquele vinho agradável, fácil de beber. Um vinho equilibrado, delicado, que não agride o paladar. É o chamado “vinho redondo”. Que, na prática, significa que todas as características organolépticas estão integradas, sem sobrar nada na boca.
O conceito popular de “vinho seco” é aplicado ao vinho que é adstringente, ou seja, causa a sensação de secura na boca. Essa adstringência é causada pelo tanino. O tanino é uma substância natural encontrada na casaca da uva, em contato com a saliva reage e dá a sensação de boca amarrada. Leia mais sobre taninos aqui.
Como, para ser elaborado, o vinho tinto precisa passar algum tempo em contato com as peles das uvas, ele tende a ter mais taninos. E, com isso, ser mais “secos”. Os vinhos brancos, por terem contato mínimo com as cascas, os taninos são quase imperceptíveis. O que o torna mais “suave”.
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Como lidar com a confusão dos termos vinho seco e suave profissionalmente
Alguns profissionais utilizam incorretamente os termos vinho seco e vinho suave. Outros tentam catequisar seus clientes com a legislação. Essas posturas podem gerar ainda mais confusão ou até mesmo afastar o cliente do serviço.
A realidade é que, mesmo o termo técnico sendo o correto, o profissional do vinho irá se deparar inúmeras vezes com o uso popular da definição. Pois, muitas vezes, o cliente não tem o conceito tão claro para aplicar corretamente os termos, e usará de suas sensações para indicar o que lhe agrada e o que ele espera de tal bebida.
Quando isso acontecer, o profissional não deve desvalidar a afirmação do cliente, mas, sim, traduzir o que o ele está querendo dizer. E transformar isso em informações relevantes para desenvolver o seu trabalho. Um bom profissional deve captar nas entrelinhas o que é necessário saber sobre o cliente para entregar um serviço de excelência.
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