Bruna Cristofoli revela estratégias para aumentar as vendas

Entrevista com Bruna Cristofoli.
A Cristofoli Vinhos de Família é referência quando se fala em hospitalidade no enoturismo da Serra Gaúcha. Mas, se tem algo que a pandemia e o cenário atual ensinaram, é que não dá para depender de um canal só. E a Bruna Cristofoli, diretora da vinícola, sabe disso melhor do que ninguém. Agora, ela e a família dão um passo importante com a criação da linha Espaço Tempo, desenvolvida especialmente para o on trade, ou seja, para estar nas cartas de restaurantes e wine bars de todo o Brasil.
Entrevista com Bruna Cristofoli
O Reserva85 conversou com a Bruna sobre essa nova estratégia de produção e vendas, as dificuldades no turismo e os desafios e as soluções que estão encontrando para continuar crescendo.
Paula Daidone: Bruna, a Cristofoli sempre teve no enoturismo um canal importante de vendas. O que levou vocês a buscar outras estratégias agora?
Bruna Cristofoli: O enoturismo sempre foi a nossa maior vitrine. Mas, desde o ano passado, a gente vem percebendo uma queda no número de visitantes aqui em Faria Lemos. Voltamos a patamares de 2019, antes da pandemia. Muita gente está viajando para o exterior, e a Serra Gaúcha ficou cara, o que acaba afastando o turista. Aí pensamos: não dá para ficar confortável esperando o turista chegar até nós. Precisávamos ir até o consumidor, e por isso criamos a linha Espaço Tempo, exclusiva para restaurantes e bares.
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E como foi a criação dessa nova linha? O que diferencia os vinhos do Espaço Tempo dos outros rótulos da Cristofoli?
A ideia foi do meu irmão, Lorenzo, que é o enólogo da casa. Ele também é apaixonado por astrofísica, e daí veio a inspiração para o nome Espaço Tempo. Cada vinho da linha tem uma identidade própria e um nome que remete ao universo. Tem o Supernova (espumante Brut), o Buraco Negro (Cabernet Sauvignon), o Horizonte de Eventos (Merlot) e o Anã Branca (Chardonnay). Todos foram pensados para harmonizar bem com a gastronomia e são vinhos que se mostram versáteis, fáceis de encaixar em diferentes estilos de carta.
Vocês estão apostando forte no on trade. Como funciona a logística para atender esse público de restaurantes e bares?
O desafio é garantir entrega rápida e manter o estoque fluindo. Em São Paulo, por exemplo, vamos ter um depósito com entrega em até 24 horas. O pedido mínimo vai ser mais flexível também. Sabemos que muitos restaurantes não têm espaço nem caixa para estocar muitas garrafas. Nosso papel é facilitar a vida deles, para que nunca falte vinho na carta.

Como tem sido a receptividade dos restaurantes com essa nova proposta?
Está sendo muito boa! Entrar na carta de um restaurante é difícil, leva tempo, mas quando você cria um relacionamento e mostra que pode entregar qualidade e serviço, as portas se abrem. A gente está com uma estratégia bem pé no chão, conversando com chefs, sommeliers, donos de bares, entendendo o que eles precisam e nos adaptando. Acho que isso faz diferença.
A Cristofoli também está envolvida com o desenvolvimento do terroir de Faria Lemos. Como anda esse projeto?
Faria Lemos é uma região especial. A gente está a apenas três quilômetros do Rio das Antas, então temos um clima quente, mas sem sofrer com geadas ou granizo. Nosso sonho é transformar Faria Lemos em uma Indicação de Procedência (IP). Por enquanto, somos a única vinícola da região produzindo vinho fino, o que dificulta um pouco o processo. Mas seguimos estudando o terroir e reunindo dados. Quem sabe, no futuro, podemos abrir caminho para outras vinícolas e criar uma IP de referência.