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Carménère

A Carménère tem uma história tanto quando inusitada. Por muitos anos a casta foi confundida com a Merlot. Originária de Bordeaux, a uva foi considerada extinta por causa da crise da Filoxera que assolou o mundo do vinho no século XIX. Contudo, em 1994, o ampelógrafo Jean-Michel Boursiquot descobriu que parte das plantações de Merlot do Chile eram, na verdade, Carménère. A descoberta se deu em terras da Vinã Carmen, que foi responsável por engarrafar o primeiro lote da uva, cortado com Cabernet Sauvignon, em 1996, e chamou de Grande Vidure.

O Chile por estar protegido por grandes barreiras naturais (como a cordilheira dos Andes, deserto do Atacama e a Patagônia) não teve suas vinhas atacadas pelo fungo, que não conseguiu transpor esses obstáculos.  Com isso, descobriu-se que a casta foi preservada no país. Atualmente, podemos afirmar que a Carménère é uma típica uva chilena, e não francesa. Leia mais sobre a origem e a tipicidade das castas de uva.

Características: Como são os vinhos de Carménère?

Características Como são os vinhos CARMÉNÈRE - Infográfico
Uva e vinho Carménère infográfico. Veja mais infográficos aqui.

Os vinhos de Carménère apresentam uma combinação de aromas de frutas pretas e vermelhas maduras, terra molhada e pimenta preta. Em boca são suaves, com pouco tanino, baixa acidez e muito álcool. Veja outros aspectos do vinho em nossa seção de Análise Sensorial.

No geral, são vinhos sem muita complexidade. Mas quando em estagiado em madeira, ganham notas de café, cravo e tabaco. Há exemplares mais complexos que se beneficiam com o tempo, e podem ser guardados por cerca oito ou dez anos.

A Carménère precisa de certa atenção. Se não colhida na época exata, origina vinhos ásperos, com pouca expressão frutada e um herbáceo excessivo. A pirazina, substância existente na casca da uva, não completa seu processo químico e deixa aroma de pimentão no vinho. Isso também acontece muito com a Cabernet Sauvignon. Leia mais sobre como são feitos os vinhos tintos.

Harmonização: o que combina com Carménère?

Os vinhos Carménère combinam com pratos que transitam entre o médio e o forte. Por exemplo, carne vermelha com pouca gordura, suíno e aves. Principalmente quando temperados ou acompanhadas por molhos com toque de ervas. Os exemplares com estágio em madeira suportam pratos com aromas defumados, desde de ratatouille até peru assado e carne na brasa.

Rótulos com maior acidez chegam a comportar peixes gordos, como salmão e linguado. Tenha cuidado com a harmonização de pratos à base de molho de tomate, pois nem todos os vinhos de Carménère tem acidez suficiente. Prefira receitas onde o molho esteja incorporado, como nos ragus ou bolonhesa.

Encontre dicas de como harmonizar cada tipo de vinho e exemplos práticos em nossa seção de Harmonização.

Carménère no Chile

A Carménère é a uva símbolo do Chile. Descoberta em 1994, no Valle Alto Maipo, a região tornou-se referência no cultivo dessa uva. Assim como Cachapoal, lugar onde a cepa encontrou condições ideias de crescimento.

A Carmenere chegou ao Chile através de enólogos franceses que migraram por volta de 1850, uma década antes da crise da filoxera. A uva foi plantada ao lado das vinhas de Merlot e Cabernet Sauvignon e por anos foi cultivada como sendo uma dessas variedades.

Em 1991, o ampelógrafo francês Claude Vallat indicou que um tipo de Merlot produzido no Chile não exatamente Merlot, mas não conseguia identificar o que era. Três anos depois, Jean Michel Boursiquot, discípulo de Vallat, finalmente concluiu que a estranha planta em questão era a Carménère. Uma linhagem que se acreditava extinta por um século!

Carménère no mundo

Carménère está totalmente associada ao Chile. No entanto, poucas pessoas sabem que a uva tem sido amplamente difundida na Itália há muitos anos. Há também uma crescente produção na China. Outros países como Argentina, Brasil EUA possuem uma produção ainda pequena, mas que vêm ganhando expressividade em seus mercados internos.

Carménère na Itália

Amplamente difundida, a produção da Carménère na Itália possui hoje grande relevância. Inclusive, com o reconhecimento de uma denominação de origem em 2009, a DOC Carménère Colli Berici (na província de Vicenza) foi reconhecida. Na região de colinas a casta encontrou o local ideal para alcançar a maturação completa das uvas e desenvolver os aromas de especiarias e pimenta-do-reino mais preciosos, superando as notas de pimenta verde que são frequentemente consideradas típicas dessa variedade.

A Carménère foi provavelmente levada para a Itália por trabalhadores que iam à França para a época das colheitas e, até 1950, era identificada com o nome de Bordeaux Nero ou Cabernet Vecchio. Muitas vezes negociada como uma variedade mais fraca da Cabernet Franc. Com o passar do tempo, a casta recebeu a denominação de Cabernet Franc do tipo italiano. Da década de 60 até início da 90 foram feitos estudos para compreender essa variedade e foi confirmado que tratava-se de uma uva distinta. Com a entrada da uva no registo de variedades de uva, ficou provado que era então Carménère.

Conheça outras castas produzidas no Chile como Malbec e Sauvignon Blanc em nossa seção de Castas de Uva. Ou aprenda mais sobre as uvas em nossos cursos sobre vinho.

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