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História dos vinhos do Alentejo

A origem exata da cultura da videira no Alentejo é desconhecida. No entanto, há indícios de que o cultivo da vinha já era uma prática comum quando os romanos chegaram ao sul de Portugal. Os romanos não apenas perpetuaram essa tradição, mas também introduziram técnicas de vinificação que marcaram profundamente a história dos vinhos do Alentejo. Uma das suas contribuições mais notáveis foi o uso das talhas de barro, grandes vasos de argila utilizados para a fermentação, armazenamento e transporte do vinho, uma prática que persiste até os dias de hoje, sendo uma das marcas registradas da produção vinícola alentejana.

Influência das Civilizações Antigas na história dos vinhos no Alentejo

Com a ascensão do Império Romano, o vinho tornou-se parte integral da cultura e economia local. A expansão do cristianismo no século IV, que usava o vinho nas celebrações eucarísticas, aumentou ainda mais a demanda pela bebida, solidificando o cultivo da vinha. Contudo, essa tradição enfrentou sérios desafios a partir do século VIII, com a invasão muçulmana da Península Ibérica. A produção de vinho sofreu uma forte retração devido à proibição do consumo de álcool pelo Islã, e a viticultura no Alentejo foi praticamente extinta por séculos.

A história da viticultura no Alentejo não se resume apenas à influência romana. Antes deles, os fenícios e os gregos já haviam desempenhado um papel no comércio de vinhos e na introdução de novas técnicas de cultivo. Os fenícios, grandes comerciantes marítimos, foram os primeiros a expandir a cultura vinícola no Alentejo, enquanto os gregos deixaram marcas arqueológicas importantes, como ânforas usadas no transporte de vinho. Essa continuidade cultural permitiu que, quando os romanos chegaram, encontrassem uma viticultura já estabelecida, que eles ajudaram a consolidar e expandir.

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Recuperação vinícola do Alentejo

Foi apenas após a fundação do Reino de Portugal, no século XII, que a cultura da vinha começou a ser restabelecida no Alentejo. No século XVII, os vinhos alentejanos atingiram grande prestígio, sendo considerados entre os melhores do país. No entanto, crises como a Guerra da Restauração e a criação da Real Companhia Geral de Agricultura dos Vinhos do Alto Douro, em 1756, que priorizou a proteção dos vinhos do Douro, relegaram o Alentejo a um período de obscuridade. 

A recuperação da história dos vinhos do Alentejo só começou de forma significativa no século XIX, após anos de abandono. No entanto, novos desafios surgiram no início do século XX, como a devastadora praga da filoxera e as Guerras Mundiais, que quase eliminaram a produção de vinho na região. A imposição da política agrícola do Estado Novo, que priorizou a produção de cereais e transformou o Alentejo no “celeiro de Portugal”, também contribuiu para o declínio das vinhas, relegando a produção de vinho à esfera doméstica.

A virada decisiva na história dos vinhos do Alentejo ocorreu no final da década de 1940, quando políticas agrícolas começaram a apoiar a revitalização da viticultura. Um marco importante foi a criação do Projeto de Viticultura do Alentejo (PROVA) em 1977, que estabeleceu padrões de qualidade para os vinhos da região. Outro avanço significativo foi a criação da Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo (ATEVA), em 1983, seguida pela introdução das primeiras Denominações de Origem Controlada (DOCs) em 1988, que regulamentaram e protegeram a produção vinícola alentejana.

Em 1989, a criação da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) representou um passo fundamental para a regulamentação e certificação dos vinhos do Alentejo, consolidando a região como uma das mais importantes áreas vinícolas de Portugal. A partir desse momento, o Alentejo iniciou uma expansão internacional, conquistando mercados e consumidores por todo o mundo.

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