fbpx

Qual a diferença entre vinho seco, meio seco e suave?

Qual a diferença entre vinho seco, meio seco e suave?
diferença entre vinho seco, meio seco e suave

Qual a diferença entre vinho seco, meio seco e suave? Vinho seco e vinho suave são classificações que indicam a quantidade de açúcar natural presente no vinho. Sendo seco, um vinho sem percepção de açúcar; e suave um vinho doce. Entre esses extremos, existe o Meio Seco. Como você pode observar na tabela, a categoria seco é demasiadamente restritiva enquanto a meio seco é muito abrangente, engloba desde vinhos sem percepção de açúcar até vinhos bem doces.

A diferença entre vinho seco, meio seco e suave causa muita confusão -para não dizer problema no consumo de vinhos, pois é exclusiva do Brasil. Demais países produtores utilizam outras divisões. Como a União Europeia, que limita o açúcar em nove gramas na classe “seco”, mais do que o dobro do permitido aqui. Com isso, frequentemente, produtos europeus são re-rotulados quando importados ao País.

A Alemanha sofre com essa questão. Muito renomada na produção de vinhos brancos com a uva Riesling, os Trocken, como são chamados os secos, viram meio secos quando chegam por aqui. Como é o caso do Riesling Kabinett Foster Mariengarten 2020 Eugen Müller (R$ 170, Decanter) e o Dr. Loosen Trocken Qualitatswein Riesling Dry (R$ 119, Inovini), que no rótulo da frente consta seco e o contra-rótulo, que é incluído no Brasil, exibe a categoria meio seco.

Além disso, popularmente, propaga-se por aí que vinho meio seco não presta. Mas não há, tecnicamente, qualquer ligação entre qualidade e teor de açúcar. Inclusive, algumas das regiões vitivinícolas mais importantes do mundo produzem vinhos com uma quantidade de açúcar que extrapolam o limite do ”seco” no Brasil. Como é o caso da Puglia, na Itália; do Alentejo, em Portugal; e da Califórnia, nos EUA. 

O famoso Primitivo di Manduria, produzido na Puglia, é um ótimo exemplo. É um vinho com qualidade reconhecida mundialmente, comercializado a preço elevado, e que possui uma quantidade de açúcar maior. O rótulos Terre di San Vicenzo Dal 1947 Primitivo di Manduria (R$ 354, La Pastina) e o Primitivo di Manduria Menhir Salento (R$ 218, Total Vinhos), foram enquadrados em meio seco no Brasil.

O vinho suave é uma categoria que sofre ainda mais preconceito. Muita gente acredita que “suave” é sinônimo de vinho de mesa. Mas não é! Vinho suave é um vinho com alto teor de açúcar que pode ser elaborado com uvas finas ou de mesa (veja a tabela acima).

Não gosto de vinho seco e agora?

Para quem não gosta de vinho seco, provar vinho com níveis elevados de açúcar pode ajudar a mudar essa percepção. Nós temos o paladar naturalmente adocicado. Desde pequeno somos acostumados a consumir açúcar. Por isso, quando provamos um vinho seco pela primeira vez, há um estranhamento. O primeiro gole é ruim, é agressivo. Você já deve ter passado por isso quando provou café sem açúcar. Mas, assim como no café, é natural irmos reduzindo o dulçor gradativamente, até encontrarmos nosso ponto favorito. 

Algumas vinícolas perceberam essa característica local e estão importando ao Brasil vinhos com maior quantidade de açúcar, para atrair o consumidor. Como é o caso das chilenas Santa Carolina, que possui um blend branco e outro tinto (R$ 35 cada, Casa Flora) e da Santa Rita, com um rosé (R$ 42), todos suaves. A Sur Valles, também do Chile, acaba de lançar uma linha completa na categoria meio seco, a Sentimiento Por (R$ 60 cada, WBlends). 

As vinícolas brasileiras também estão se rendendo ao vinho suave e criando produções com uvas finas. A Casa Valduga possui uma linha completa nessa divisão, a Naturelle (R$ 60); a Pizzato tem o Fausto Violette (R$ 59) e a Rio Sol um exemplar de Cabernet Sauvignon, além de um Syrah meio seco (ambos a R$ 33). 

Vinho meio seco e suave são ideais para a comida brasileira

Rótulo com índice superior de açúcar, além de ser uma excelente porta de entrada para o mundo do vinho, também é um ótimo acompanhante para a gastronomia brasileira. Nossa comida é muito condimentada ou açucarada, por isso é necessário que o vinho apresente níveis altos de açúcar para equilibrar o prato. É importante lembrar que a nossa culinária tem muita influência de Portugal e da Itália, países onde o vinho possui naturalmente níveis elevados de açúcar. 

Faça alguns testes e experimente provar pratos típicos da culinária brasileira com vinho meio seco e suave: sirva um baião de dois ou uma feijoada com um tinto suave e um bobó de camarão ou um acarajé com um branco suave. O vinho, quando servido com a comida adequada, cria uma explosão de sabores na boca, que transforma a refeição em um momento único.

Esse tipo de experiência é possível vivê-la no dia a dia, é só deixar todo e qualquer preconceito de lado e trazer o vinho, seja seco, meio seco ou suave, cada vez mais para cima da nossa mesa!  

Texto originalmente publicado na minha coluna da Revista Casa e Jardim.

promoção curso de marketing de vinhos