Vinho do Padre: saiba tudo sobre o vinho canônico
O vinho do Padre é o vinho utilizado na missa. Também chamado de vinho canônico e vinho litúrgico, a bebida representa o Sangue de Jesus durante a eucaristia.
Significado do vinho na Missa
A utilização do vinho durante as celebrações católicas tem um importante valor simbólico: representa o Sangue de Cristo e o seu sacrifício feito pelos fiéis. Com a passagem da Última Ceia, em que Jesus instituiu a Eucaristia, o vinho tornou-se um dos elementos obrigatórios para a celebração da Santa Missa.
“Então ele pegou o cálice e, depois de dar graças, deu-o a eles, dizendo: «Bebam dele, todos vocês, porque este é o meu sangue, o sangue do novo testamento, derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26:26-29).
Recordando estas palavras de Jesus, os sacerdotes, durante a Santa Missa, invocam o milagre da transubstanciação – que é a “transformação” do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Jesus Cristo – durante a Eucaristia. O pão e o vinho representam a Presença Real de Cristo na Eucaristia, manifestação que se renova em cada missa no momento da Eucaristia.
Na Eucaristia, o vinho canônico é servido com água adicionada, para alusão ao vinho da Última Ceia, que presume-se ser uma mistura das duas bebidas.
História do vinho de canônico no Brasil
A história do vinho litúrgico no Brasil começa em 1896, com a chegada de freis capuchinhos franceses na Serra Gaúcha para as missões. Como em seu país de origem eram os responsáveis por produzir os vinhos, trouxeram para o Brasil o costume. Tradicionalmente o vinho do Padre era produzido por conventos ou outras instituições religiosas.
Na da década de 20, o primeiro enólogo da família Salton, Antonio “Nini” Salton, elaborou em parceria com o pároco de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, um vinho específico para a liturgia. Surgia então o Canônico, rótulo elaborado até hoje pela Família Salton e presente em igrejas de todo o País, com autorização da Cúria Eclesiástica.
Produção do vinho do Padre
A elaboração de um vinho para ser utilizado pela Igreja Católica, além de se enquadrar nas normativas do Ministério da Agricultura como qualquer outro produto de consumo, precisa respeitar as leis do Código do Direito Canônico e a vinícola ser autorizada pela Cúria Eclesiástica.
De acordo com o Código do Direito Canônico, derivado de Pio-Beneditino, de 1917, e renovado em 1983, por João Paulo II. O vinho base não deve conter nenhum outro ingrediente ou substância além da uva.
Capítulo I: dos Ritos e cerimônias a celebração Eucaristica
Cân. 924 — § l. O sacrossanto Sacrifício eucarístico deve celebrar-se com pão e vinho, a que se há-de juntar uma pequena quantidade de água.
§ 2. O pão deve ser de trigo puro e recentemente confeccionado, de modo que não haja nenhum perigo de corrupção.
§ 3. O vinho deve ser natural, do fruto da videira e não corrompido.
O vinho do Padre precisa ser doce e ter no mínimo 14% de álcool, o que o classifica como um vinho tipo licoroso. O motivo de ser um vinho licoroso é para que a bebida possa permanecer aberta por mais tempo sem estragar, já que é utilizada uma pequena quantidade nas missas.
Para chegar no estilo licoroso, é autorizado adicionar aguardente para elevar o teor alcoólico da bebida. Clique aqui e entenda o que é o vinho licoroso. E para se enquadrar na categoria doce, pode ser adoçado com açúcar ao final da produção.
Não existe na lei indicação de qual uva deve ser utilizada para o vinho do Padre. O produtor é livre para escolher a variedade de sua preferência, incluindo castas vistis viniferas, híbridas ou americanas. Também não há nenhuma indicação da cor do vinho, que pode ser branco, rosé ou tinto.
Até 1880, era obrigatório que fosse vermelho, para melhor simbolizar a cor do sangue de Cristo. Depois dessa data, foi dado mais liberdade aos produtores e também aos padres, que preferiram deixar o tinto de lado, pois manchava muito as vestimentas e toalhas sagradas.
A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) estuda criar um selo para atestar a qualidade do vinho litúrgico.