Vinho Lambrusco
Descubra o melhor do Lambrusco, sua história, a diferença dos espumantes e frisantes e o que combina com vinho Lambrusco na harmonização.
O Lambrusco possui o título de vinho italiano mais consumido no mundo. Mesmo assim carrega uma fama meio duvidosa, o que faz muitos “entendedores de vinho” torcem o nariz para ele. Mas o que poucos sabem é que o Lambrusco não se resume àquele vinho docinho cheio de gás, que mais parecem um refrigerante, muito comum no Brasil.
O Lambrusco é um vinho milenar produzido a partir das uvas da família Lambrusco, que pode ser encontrado como frisante ou espumante, nas variedades: tinto e rosé.
Sua elaboração é feita nas regiões de Emilia Romagna e na Lombardia, norte da Itália. Mas Lambrusco não é apenas o nome de um vinho italiano. Lambrusco é uma família de uvas.
Produtores italianos reivindicam que apenas vinhos feitos nas regiões demarcadas possam usar essa denominação, assim como acontece com o Prosecco.
Contudo, por Lambrusco ser um nome comum às uvas, existe muito conflito em relação ao uso do termo. Entenda melhor essa questão no artigo: DOC e Regiões produtoras.
Nesse artigo:
Agora que você já entendeu o enredo sobre esse vinho, veja todo o conteúdo que abordaremos nesse artigo:
- História do vinho Lambrusco;
- Elaboração, classificação e diferença entre espumante e frisante;
- Lambrusco é bom ou ruim?
- O que combina com esse vinho?
Assista também o vídeo com a especialista em vinhos Paula Daidone explicando tudo sobre o vinho Lambrusco. Ou então, acesse nosso canal sobre vinhos no Youtube e aprenda tudo sobre o vinho na prática.
Boa leitura!
História do vinho Lambrusco
Não existe uma data certa para atribuir ao início do cultivo e produção de Lambrusco. Acredita-se que tem origem muito antiga, da época dos etruscos, século VII a.C., e que os Romanos aprimoram o cultivo. O primeiro registro é de 42 a.C, em uma citação nas Éclogas do poeta Virgílio,: “la vitis vinifera le cui foglie, come quelle della vite labrusca, diventano di colore sanguigno prima di cadere” (as vitis vinifera cujas folhas, como as da videira Labrusca, tornam-se cor de sangue antes de cair, em tradução livre).
Acreditam que o Lambrusco surgiu por acaso. O suco de uva era feito e armazenado em ânforas que eram enterradas ou afundadas no mar para preservar a temperatura. Quando emergiam para a terra, com a mudança de temperatura, as leveduras voltavam à vida e acontecia uma segunda fermentação espontânea. Com isso, a bebida ganhava bolhas. Leia também nosso artigo sobre a História do Vinho.
Como é feito o vinho Lambrusco
Por ser um vinho frisante ou espumante, o Lambrusco precisa ser produzido através de métodos que armazenam o CO2 durante a vinificação. Está autorizado o uso dos métodos Champenoise, Ancestral ou Charmat. A escolha varia de acordo com o estilo da vinícola e com o tipo de uva utilizada. Para a segunda fermentação utiliza-se comummente as leveduras Saccharomyces Bayanus, as mesmas usadas para produzir Cidra. Ao término de todo o processo, o Lambrusco frisante deve atingir, no máximo, 2,5 atmosferas (os espumantes têm no mínimo 3 atm). Leia mais sobre como o vinho é feito.
Para produzir Lambrusco é necessário utilizar uvas da família vitis vinífera Lambrusco. Atualmente, são 12 espécies autorizadas. Essas uvas devem ser vindimadas uma semana antes da colheita para as de vinhos tranquilos. Isso garante que a fruta tenha teor alcoólico baixo, entre 9 ° e 12 °, e acidez alta, superior a 6 gramas por litro.
Leia também: Regiões produtoras de Prosecco.
Categorias de doçura dos Lambruscos frisantes
Os Lambruscos por regra devem ter um conteúdo mínimo de 5g/l de açucar, o que traz o caráter de doçura marcante mesmo nos secos. Os vinhos são classificados de acordo com o açúcar, podendo ser:
- Secco (seco)- até 9 g/l de açucar;
- Abboccato (ligeiramente doce) – 10 a 18 g/l de açucar;
- Amabile (semi-doce) – 18 a 45 g/l de açucar;
- Dolce (doce) – acima de 45 g/l de açucar.
Mesmo havendo versões doces do vinho, o Lambrusco frisante não leva adição de açúcar e nem licor de expedição. O doce sentido na bebida é proveniente do açúcar que restou da fermentação.
Categorias de doçura dos Lambruscos espumantes
Os Lambruscos espumantes recebem a classificação de acordo com as categorias definidas para os demais espumantes: brut, demi-sec, sec, doce. A produção de espumantes pelo método clássico, com o uso de licor de expedição (dosagem) deve ser autorizada pelo órgão fiscalizador da DOC. Leia nosso artigo sobre como são feitos vinhos espumantes aqui.
Vinho Lambrusco é bom ou ruim?
Nos anos 60, impulsionada pela demanda do mercado extremo, principalmente o norte-americano, a produção cresceu e Lambrusco ganhou o mundo, a ponto de receber o apelido de “Coca-Coca Italiana”. Enquanto a conquista do mercado mundial crescia, a qualidade caia proporcionalmente.
Para conseguir suprir a demanda, produtores buscaram meios alternativos para aumentar a produção. E uma das saídas encontrada foi abrir mão da segunda fermentação e passar a utilizar a inserção artificial de gás carbônico no vinho base, para criar as borbulhas. Com o auxílio de equipamentos industriais o vinho base é desaerado e recebe posteriormente a injeção de dióxido de carbono. Os vinhos são mantidos pressurizados em recipientes de aço até seu engarrafamento.
Essa técnica de produção diminui o custo e o tempo de produção da bebida, possibilitando a rápida chegada ao mercado. Mas essa prática compromete muito a qualidade final do produto. E o mundo foi então inundado desse Lambrusco “artificial”: uma bebida doce, gaseificada e sem complexidade. É importante notar que vinhos produzidos assim levam geralmente no rótulo o termo “vinho de Lambrusco”, uma referência apenas à uva Lambrusco que é utilizada. As Denominações de Origem Controladas exclusivas para produção de Lambrusco não autorizam essa técnica de produção.
Assim como está acontecendo nos Vinhos Verdes, há um movimento por parte dos produtores para mudar a imagem do Lambrusco e mostrar ao mercado mundial que se trata de um vinho de boa qualidade. Para isso, os consórcios responsáveis pelas DOCs estão implementando novas regras de controle e qualidade tanto nas vinhas quanto na produção, dentro desses consórcios está a produção dos melhores vinhos Lambrusco.
Alguns produtores mais radicais estão abandonando o nome Lambrusco e rotulando seus produtos apenas com o nome da DOC e assim reforçar o conceito de um vinho de terroir.
Harmonização: O que combina com vinho Lambrusco?
A escola italiana de harmonização defende que o vinho é feito para servir à comida. Por conta disso, os vinhos italianos são altamente gastronômicos. E o Lambrusco não foge a regra. É um vinho que pede comida e tem acidez suficiente para combinar com uma grande variedade de receitas.
Vai muito bem com pratos gordurosos, molho de tomate, molho pesto, carne e até peixe. Dá para incluí-lo em uma refeição com pratos mais condimentados, como a mexicana e tailandesa, e até arriscar servi-lo com sushi. Os rosés podem fazer bonito em um coquetel, servido com entradinhas mais sofisticadas. Entenda como é feita a harmonização de vinho com comida.
O Lambrusco é o par perfeito para acompanhar uma tábua de embutidos, principalmente com mortadela e outras criações da Emilia Romana, e queijos duros, como Parmegiano Reggiano e Grana Padano. É também o companheiro do Tortellini di Modena, recheado com Parmegiano Reggiano e Mortadela, Capeletti in Brodo e Lasanha Bolognesa.
Pizza e Lambrusco
O Lambrusco é um dos vinhos mais indicados para acompanhar uma pizza. Suas características fazem dele um bom parceiro para diversos sabores de pizza, e até pizza doce.
O Lambrusco tem acidez alta, o que é bom para as pizzas com queijo, pois ajuda a limpar a gordura do laticínio; taninos marcados, que é essencial para ajudar com a gordura proveniente da proteína animal, como embutidos; tem pouco álcool, o que permite acompanhar ingredientes mais apimentados, e tem diferentes graus de doçura, o Amabile e Dolce, por exemplo, vão bem com pizzas doces.
Conheça outras opções de harmonização de pizza com vinho e leia mais sobre as regiões e vinhos da Itália aqui.
