Entendendo os vinhos italianos
A Itália é a terra das uvas e do vinho, já diziam os gregos que deram ao país o nome de “Enotria Tellus”, ou Terra do Vinho. A diversidade territorial aliada ao sol do Mediterrâneo e às correntes de ar das montanhas favoreceram o crescimento das videiras, e, portanto, a produção dos vinhos italianos. Atualmente, o país possui a terceira maior área de vinha da União Europeia, são 610 mil hectares – atrás da Espanha (941 mil) e França (803 mil).
O património ampelográfico também é extremamente vasto, são mais de 300 espécies diferentes de castas de uvas, a maioria autóctones. Muitas espécies francesas, como Chardonnay, Merlot e Cabernet Sauvignon, encontraram boas condições para se desenvolverem.
Os produtores italianos têm recorrido cada vez mais ao blend de uvas locais e internacionais. Essa tendência, que também já é percebida em Portugal, é um recurso para atrair o consumidor externo, que já tem certa identificação com as uvas internacionais. Descubra as características das uvas internacionais aqui.Como são os vinhos italianos
Graças a quantidade de castas disponíveis e as diferenças territoriais, a Itália produz os mais variados estilos de vinho. No geral, os vinhos italianos são bem ácidos e altamente gastronômicos (justamente por conta da acidez elevada, que ajuda a preparar o paladar para cada garfada). Os tintos têm uma cor forte e brilhante, são robustos, tendem a ser tânicos, com teor alcoólico altos e uma leve doçura no retrogosto. Os brancos são aromáticos, muitos com toque cítrico, delicados, refrescantes e secos.
Os espumantes tendem a ser mais frutados (mesmo os produzidos pelo Método Tradicional não apresentam características da autólise), possuem borbulhas grandes, são secos e um retrogosto levemente amargo, nada que incomode, mas que fica quase imperceptível quando harmonizado com comida. Leia mais sobre como harmonizar espumantes.
Leia também: Características e harmonização do vinho Lambrusco.
Rótulo dos vinhos italianos
O sistema de rotulagem dos vinhos italianos é dividido em categorias de denominação que estabelecem classes de qualidade distintas. São elas:
Vino da Tavola (Vinho de mesa) – vinho sem selo de garantia, produzido em qualquer área do território italiano e que não podem levar nenhuma referencia no rótulo, como nome da uva, safra ou região.
Indicazione Geografica Tipica (IGT) – identifica uma região especifica de produção e permite a utilização de uvas autorizadas e recomendadas e maior liberdade na escolha do método de vinificação.
Denominazione di Origine Controlata (DOC) – define um área de produção e nela as uvas autorizadas e os critérios de cultivo e vinificação. Atualmente, existe mais de 300 DOCs na Itália.
DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida) – delimita áreas de produção muito limitadas com critérios de produção e avaliação mais rigorosos do que todos os outros. As garrafas dessa categoria levam selos numerados, a fim de evitar falsificação. Cada tipo de vinho tem uma cor diferente: rosa – espumantes, verde – vinhos brancos, magenta – vinhos tintos.
Leia também nosso artigo sobre Denominações de Origem.
Qualidade do vinho na Itália
A Itália possui a comissão de degustação de denominação, que trabalha para certificar a qualidade do vinho. O sistema de qualidade italiano, embora rígido em muitos aspectos, não garante de fato a qualidade real dos vinhos. A maior garantia oferecida pelo sistema é a da área de origem de um vinho. Ou seja, o selo, em muitos casos, pode não estar associado diretamente à qualidade do produto.
Teoricamente, um produtor de vinho que esteja localizado dentro de uma área de denominação e atenda aos requisitos mínimos estabelecidos pelo disciplinador pode, com todo o direito, classificar seus vinhos dentro do sistema de qualidade legal. Mas há também o inverso, o produtor que está em uma área regulamentada e, por motivos específicos, opta por não submeter os vinhos ao sistema de controle, mas isso não quer dizer que eles não tenham qualidade superior.
Por isso, os vinhos de mesa e os IGT merecem muita atenção. Alguns dos melhores exemplares do país estão nessas categorias. Esse é exatamente o caso dos Super Toscanos. Chamados de “os fora da lei”, os vinhos são elaborados com castas francesas não autorizadas na Toscana e, por esse motivo, não recebem nenhuma certificação. Mas são algumas das referências italianas mais caras, partindo de 90 euros a garrafa. Tendo isso em vista, comprar vinho italiano vai muito além do certificado que ele carrega ou não no rótulo.
Para compreender melhor as características do vinho italiano, leia o artigo sobre as regiões vinícolas da Itália e terroir. Ou acesse nossa seção dedicada aos vinhos e regiões da italianas.