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Entrevista Paul Hobbs: Um enólogo de muitos mundos

Entrevista Paul Hobbs: Um enólogo de muitos mundos
Entrevista Paul Hobbs

Em passagem pelo Brasil para promover os novos rótulos da Viña Cobos, importação exclusiva Grand Cru, tive o prazer de conduzir uma entrevista com Paul Hobbs. No bate papo, o famoso “Steve Jobs do vinho” foi muito além da enologia e revelou sua relação pessoal com a bebida, harmonizações favoritas e sua dificuldade na hora de escolher um vinho, um carro ou até mesmo uma jaqueta.

Paul Hobbs está entre os mais respeitados enólogos do planeta. O curioso é que sua entrada no mundo do vinho não foi planejada. Hobbs queria distância da terra, já que passou toda adolescência na fazenda produtora de maçã de sua família, no interior de Nova York. Foi cursar medicina, justamente para ter uma carreira promissora. Porém, por incentivo de um professor, Hobbs se mudou para a Califórnia para estudar enologia. 

Dedicou-se a pesquisar a influência do carvalho na maturação dos vinhos. Sua especialização o levou ao grande Robert Mondavi, em 1978, que logo o direcionou para a produção do icônico Opus One. Mas sua singularidade não cabia nos protocolos da família Rothschild (sócia de Mondavi no projeto) e fez com que Hobbs fosse procurar novos caminhos. 

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Assumiu, então, como enólogo na Simi, em Sonoma, e alguns anos depois, em 1988, aceitou o desafio de ser consultor na distante e, até então, desconhecida Bodega Catena, na Argentina. Depois disso, a carreira de Hobbs já não tinha mais fronteiras. O enólogo embarcou em empreitadas mundo afora e hoje divide seu tempo entre consultorias e projetos dos quais é sócio em cinco diferentes países: Estados Unidos, Argentina, França, Espanha e Armênia.

Durante a entrevista, Paul Hobbs deu uma amostra de toda sua experiência, respondendo questões mais profundas, como a mudança comportamental no consumo de vinhos em países como Armênia e Argentina, e a chave do sucesso na carreira de enólogo. Ouvindo-o dissertar sobre o vinho, fica fácil entender porque é considerado um dos mais célebres profissionais. 

Sirva-se de uma taça e prepare-se para conhecer o Paul Hobbs por trás do grande profissional. 

Você ainda sente prazer em abrir uma garrafa de vinho apenas para relaxar? 
Claro! Eu abro um vinho todas as noites! E nesses dias eu gosto de explorar vinhos de pequenas regiões do mundo. Essa é a aventura. O vinho faz parte do meu cotidiano, seja a trabalho ou a lazer, e uma grande parcela do meu dia é dedicada a ele. É o combustível da minha vida! 

O que você leva em consideração no momento de escolher um vinho?
A escolha do vinho deve estar atrelada ao momento e aos pontos que o compõem, como as pessoas que estão comigo, a comida que será servida e o ambiente que estamos. Tudo isso interfere na decisão de qual vinho escolher.

Qual sua harmonização favorita entre vinho e comida? 
São tantas combinações possíveis entre vinho e comida que é quase difícil ter uma favorita. Eu gosto de pensar fora da caixa e tentar coisas novas, com combinações surpreendentes. É aí que a mágica acontece! Mas muitas vezes me agrada combinar sushi com Riesling ou ainda com uma bela garrafa de Chardonnay. 

Eu sei que essa é uma pergunta difícil, mas todos nutrem essa curiosidade: qual é o seu vinho favorito?
Felizmente eu não tenho um vinho favorito! Eu sei que essa não é a resposta que gostariam de ter, pois as pessoas esperam algo mais concreto. Mas eu acho que se eu der apenas um nome, estaria fazendo um desserviço. Eu gosto de muitos vinhos!  A verdade é que eu sou assim para tudo na vida. Se você me perguntar qual meu carro favorito ou minha jaqueta predileta, eu também não vou saber responder. Eu gosto de muitas coisas, umas mais que outras.

O que você tem bebido ultimamente?
No momento, tenho bebido Cabernet Franc da Argentina. Eu gosto muito de provar produções locais. Quando estou em alguma região produtora, não importa qual seja, sempre opto por beber os vinhos elaborados ali.

Você já elaborou vinhos em diferentes regiões do mundo, com cultura e costumes distintos. Você poderia explicar como enxerga o consumo nessas regiões e se há diferenças ou preferências de acordo com cada povo?
Essa é uma pergunta muito rica! As culturas são afetadas por eventos históricos que modificam os costumes. Se determinada sociedade teve o vinho como parte de seus hábitos, mas por algum motivo se perdeu ao longo da história, é muito provável que essa cultura retome a qualquer momento e com muita força. E foi isso que eu vi acontecer na Armênia. A Armênia tinha o vinho como parte importante de sua cultura, mas acontecimentos distanciaram a bebida da sociedade. De dez anos para cá, tudo mudou. A cultura foi resgatada e, em um curto período de tempo, o vinho se restabeleceu com uma força que nunca vi em qualquer outro lugar. Hoje há lojas de vinhos, wine bars e festivais nas principais ruas das cidades. 

E na Argentina?
Diferentemente da Armênia, na Argentina o vinho sempre fez parte do ritual diário das pessoas. O vinho está na mesa acompanhando as refeições, seja no almoço ou no jantar, em casa ou no restaurante. E isso não é algo muito comum, não vemos essa relação em qualquer lugar. A mudança que eu percebi nesses 30 anos no país não foi no comportamento, mas sim na qualidade do vinho. O vinho ganhou qualidade e o consumo de vinho premium cresceu.

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Como sommelière, quando eu degusto um vinho, penso na comida perfeita para acompanhá-lo e com qual pessoa eu dividiria a garrafa. Quando você elabora um vinho, leva em consideração algum desses pontos? 
Definitivamente, sim. Isso é metade da diversão! Elaborar um vinho é pensar nas pessoas que vão bebê-lo, na comida que irá acompanhá-lo e qual o momento para ele ser aberto. Claro que há a parte técnica, mas o vinho é feito para pessoas e levar esses pontos em consideração deixa a produção mais especial. O vinho é metade pessoas e a outra metade excelência da produção

Qual inspiração você gostaria de passar para a nova geração de enólogos?
Acredito que a chave para o sucesso é a humildade e o amor pelo vinhedo. É necessário se dedicar à produção e ter devoção aos detalhes, beleza e qualidade. Qualidade: este deve ser o seu compromisso. As pessoas irão te seguir pela qualidade. Esteja nos vinhedos e nas regiões produtoras, isso é mais importante do que estar na adega. De o tempo necessário para trabalhar e ganhar experiência. Não tenha pressa para receber elogios e reconhecimento. Essas coisas virão!

Para finalizar, o que o vinho representa para você?
A grande beleza do vinho é que ele tem mais espaço e elegibilidade do que qualquer outra bebida ou alimento. Ele proporciona uma riqueza infinita de momentos: você pode sair pelo mundo para visitar vinícolas nas mais diferentes regiões, ou abrir uma garrafa para acompanhar um jantar em um restaurante com a família, ou então para regar um bate papo entre amigos ou apenas para relaxar ao final do dia. Eu realmente acredito que o vinho ajuda no processo de reflexão. O vinho muda pessoas e culturas.

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