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Vinho Espumante

O espumante é um tipo de vinho que apresenta nível expressivo de dióxido de carbono, que quando aberto libera bolhas de gás. Espumantes são comercializados em garrafas pressurizadas, comumente utilizados em brindes e celebrações. Veja como harmonizar espumantes.

A mais renomada região produtora de espumantes é a AOC Champagne, de lá provém os mais famosos e também os mais caros exemplares. Outros renomados espumantes são os Cava da Espanha e Prosecco da Itália. Os espumantes brasileiros têm se destacado entre os melhores do mundo, exemplares de maior prestigio são produzidos no Vale dos Vinhedos, Rio Grande do Sul. Leia a história do vinho no Brasil.

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Como é feito vinho o espumante?

Como é feito o vinho espumante - infográfico
Como é feito o vinho espumante – infográfico. Veja mais infográficos aqui.

O espumante é feito tendo como base, necessariamente,  um vinho tranquilo de baixo teor alcoólico. Podendo ser branco, tinto ou rosé, que já passou pelo processo de fermentação, ao qual é adicionando o licor de tiragem.

O licor de tiragem é uma mistura de vinho (do mesmo, leveduras e açúcar (normalmente, de beterraba refinada). O objetivo, é aportar açúcar ao vinho, para que haja a criação de gás. O vinho e o açúcar inseridos não podem interferir no perfil sensorial da bebida final.

Após a inclusão dessa mistura, o liquido passará por uma segunda fermentação, que pode acontecer em garrafa ou em tanque. É crucial que esse recipiente esteja totalmente vedado para que o dióxido de carbono gerado pelas leveduras não escape. Dessa forma, o COdissolve-se no espumante, e se libera quando aberto cria as bolhas (perlage).

Existe duas formas de fazer a segunda fermentação, método tradicional e método de tanque. A seguir você conhece como funciona cada um deles:

Fermentação pelo Método de Tanque ou Charmat

O espumante feito através do Método Tanque também tem como base um vinho tranquilo que já sofreu a primeira fermentação. Nessa técnica, o vinho base seco é transferido para um tanque de inox pressurizado, chamado de autoclave, e não para garrafa, onde é adicionado o licor de tiragem para que ocorra a segunda fermentação.

A vedação do tanque impede que o gás liberado pelas leveduras escape. Dessa forma, o gás se dissolve na bebida formando as bolhas. Ao término da segunda fermentação o liquido é filtrado e engarrafado. Esses espumantes têm menos contato com as leveduras mortas e tendem a apresentar pouco ou nenhum aroma autolítico.

Essa técnica é muito usada na Alemanha e no Novo Mundo e também na elaboração do Prosecco, espumantes produzidos exclusivamente no Nordeste da Itália, na região do Vêneto. Origina espumantes mais leves, com corpo ligeiro, frescos e com aromas frutados. Veja o mapa do Prosecco aqui.

Fermentação pelo Método Tradicional ou Champenoise

Há quem credite a invenção do Método Tradicional o monge Dom Pérignon. Mas quem criou essa técnica foram os monges da Abadia de Hilaire, no Languedoc, cem anos antes de ele nascer. Esse método é utilizado na elaboração dos Champagnes e também exclusivo na elaboração dos Cavas e dos espumantes brasileiros do Vale dos Vinhedos, a exemplo do Champagne Peterlongo, único espumante autorizado a utilizar o nome Champagne fora dos terroirs dessa denominação de origem francesa.

Nesse método, após a adição das leveduras e do açúcar, o vinho é engarrafado e lacrado para a segunda fermentação. Durante esse processo, as leveduras morrem e continuam na garrafa formando borras. Sequencialmente, o espumante envelhecerá nessa garrafa mantendo contato com as borras, que liberam lentamente sabores ao espumante. Essa atividade é chamada de autólise das leveduras e é considerada a parte mais importante do processo de elaboração do espumante, pois confere à bebida sabores especiais (os autolíticos) e corpo. Isso pode ocorrer por meses ou até anos. Conheça os champanhes que você não pode deixar de provar em nossa seção de Degustação.

Degorgement

Giropaletes espumante
Giropalete histórico – Cava Veuve Clicquot. Crédito: Reserva85.

Depois de envelhecer pelo prazo estipulado pelo enólogo, o próximo passo é a remoção das leveduras mortas, o dégorgement, para que o espumante não fique turvo. Para a realização desse processo, é necessário que as borras se acumulem no pescoço da garrafa. Parra isso, elas são armazenadas inclinadas e giradas lentamente para que as borras desçam até o gargalo. Esse movimento, chamado de remuage, pode ser feito uma a uma manualmente, com ¼ de volta a cada dia, ou por máquinas giropaletes que giram centenas de garrafas ao mesmo tempo.

Quando as borras chegam ao gargalo, o pescoço da garrafa é congelado para a retirada desses sedimentos. Assim que a garrafa é aberta a pressão causada pelo CO2 expulsa as leveduras.

Licor de expedição e doçura do espumante

Antes do fechamento final da garrafa é incluído o licor de expedição, uma mistura de vinho e açúcar. A dosagem é que irá determinar a doçura final do produto. Cada região produtora tem a sua própria legislação sobre a quantidade de açúcar permitida. (Leia no box)

Tabela Classificação do espumante de acordo com o percentual de açúcar
Box – Classificação dos espumantes de acordo com o percentual de açúcar (Baixar em PDF).

O que é o método de transferência?

O método de transferência é uma forma alternativa de retirar as leveduras do espumante: esvaziar as garrafas em um tanque pressurizado, filtrar o espumante, dosar com açúcar e engarrafar. O Método de Transferência, como é chamado, é muito utilizado na Nova Zelândia e Austrália, não sendo permitido para a produção de Champagne e Cava.

Ambos são processos trabalhosos que requerem grande mão de obra, o que faz o custo da produção subir. No entanto, o espumante feito pelo Método Tradicional é muito mais complexo do que o elaborado pelo Método de Tanque. Pois, como o espumante manteve contato com as leveduras, ganhou sabores e aromas mais únicos que não aparecem em outros vinhos. Nesse tipo de espumante é possível encontrar aromas que lembram pão, fermento e brioche. Quanto mais tempo o contado da bebida com as borras, mais intenso serão esses aromas.

Invenção da Remuage

Mesa de Remuage Champagne - Veuve Clicquot. Crédito: Reserva85.
Mesa de Remuage Champagne – Veuve Clicquot. Crédito: Reserva85.

A Remuage foi inventada em 1816 por Barbe-Nicole Ponsardin, a Madame Clicquot. A cor turva dos Champagnes não agradava a viúva Clicquot que, depois de algumas experiencias, percebeu que ao girar a garrafa os sedimentos se soltavam. Então a herdeira da Veuve Clicquot fez buracos na mesa de sua cozinha e encaixou os frascos de ponta cabeça, em 45º, para que a borra se acumulasse no gargalo e fosse possível removê-la depois, assim o champagne ficaria claro e límpido. A Table de Remuage (Mesa de Remuage) foi uma revolução no mundo do vinho e passou a ser utilizada por todos os produtores de Champagne e do mundo. Nos anos 70, engenheiros da Freixenet, vinícola da Catalunha, criaram a giropalete, mecanizando o serviço do remueur (agitador).

Apenas um profissional designado a função podia girar as garrafas. Ele era chamado de Remueur (agitador). Com um movimento preciso e muito sutil, o remuer dava ¼ de volta na garrafa, inclinando-a levemente. E repetia esse processo todos os dias em todos os frascos da adega. Mesmo com a utilização de modernas máquinas, algumas vinícolas tradicionais ainda utilizam o serviço do remuers, como é o caso da Corduniu, na Espanha.

Vinho de Reserva

Para manter a qualidade e o padrão da bebida. As casas produtoras de espumante utilizam do “Vin de Réserve”, ou lotação em português. A lotação é uma prática enológica corrente que assegura ao produtor manter o padrão do espumante e manter características próprias da sua marca.

O lote também ajuda a melhorar os vinhos novos e disfarçar as imperfeições de alguns deles. Essa prática só é autorizada para espumantes não safrados. Quando a garrafa leva a data da colheita, o vinho necessariamente teve de ter sido produzido apenas com uvas da safra indicada.

Grandes casas produtoras de Champagne recorrem à prática. A Veuve Clicquot, por exemplo, tem uma das maiores coleções de vinho reserva da França. Ele é utilizado para a elaboração do Yellow Label, pois o blend deve manter o mesmo estilo ano após ano.

Castas permitidas para elaboração de espumantes

O espumante pode ser elaborado com diversos tipos de castas. Porém cada denominação de origem restringe as castas permitidas em sua área.

Champagne

Pinot Noir e Meunier, uvas tintas, e a branca Chardonnay são as castas autorizadas em Champagne. Saiba mais sobre a AOC Champagne.

 Espumantes do Vale dos Vinhedos

Chardonnay e Pinot Noir são as uvas permitidas para elaboração de espumantes. Demais variedades de vinho aceitam outras castas, como Cabernet Sauvignon. Veja os detalhes e regulamentação da DO.

 Cava

Macabeo (o Viura), Xarel·lo, Parellada, Chardonnay, Garnacha tinta, Subirat Parent, Pinot Noir, Monastrell e Trepat. Veja mais detalhes sobre a regulamentação dos Cava.

 Proseccos

Glera, mínimo 85%. Os outros 15% pode ser divididos entre Verdiso, Bianchetta Trevigiana, Perera, Glera Lunga, Chardonnay, Pinot Bianco, Pinot Grigio e Pinot Nero (em italiano). Conheça as denominações de origem de Prosecco.

O que é frisante?

O frisante é um vinho onde a gaseificação se dá durante o primeiro processo de fermentação da uva. É nesse momento é introduzido o gás carbônico, que pode ser natural ou artificial. O frisante possui metade da concentração de CO2 do espumante. Dessa forma, a menor concentração do gás interfere diretamente nas bolhas e na espuma, que são bem reduzidas. Outra diferença é que não leva licor de expedição ao término do processo. Por ser uma bebida menos complexa, é ideal que seja consumido ainda jovem.

Exemplo de frisante: o mais famoso entre os frisantes é o Lambrusco, produzido na região da Emilia-Romagna na Itália. Veja outras regiões produtoras de Lambrusco aqui.

Veja também a lista de Champagnes que você precisa provar e os espumantes brasileiros premiados em concursos internacionais e dicas de drinks a base de espumante. 

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